Críticas do G1, Terra e Cine com Rapadura


Os sites G1, Terra e Cine com Rapadura divulgaram ontem suas críticas para 'Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 1'. Segundo o G1, o filme é o mais fiel de todos e agradará aos fãs por reproduzir praticamente cada cena descrita no livro. Já a do site Terra, mostra algumas diferenças entre o livro e a adaptação cinematográfica que podem desagradar a alguns fãs, assim como muitos pontos positivos, que torna este um filme único. Dentre outros quesitos, o mais citado foi a maturidade do filme como um todo, da direção de David Yates e da atuação dos três atores principais, Daniel, Emma e Rupert na crítica do Cine com Rapadura.
"Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1"
G1 - 16 de novembro
Gustavo Miller


Após ouvir Ron comentar que passou a noite em um pub e assistir a uma cena – de alucinação – em que Harry e Hermione se beijam nus, o sétimo filme com os três aprendizes de bruxos de J.K. Rowling não deixa dúvidas: de infantil, Harry Potter não tem mais nada.

A primeira parte cinematográfica do último livro da saga, “Harry Potter e as Relíquias da Morte”, estreia nesta sexta-feira (19) no Brasil. Trata-se do longa mais adulto e sombrio até agora e, de todos, também pode ser considerado como o mais “difícil”.

“Harry Potter e as Relíquias da Morte” tem mais de duas horas de duração e emenda com o final do antecessor, “Harry Potter e o Enigma do Príncipe”, que termina com a morte de Alvo Dumbledore, o que culmina na guerra entre Harry (Daniel Radcliffe), o escolhido, e Voldemort (Ralph Fiennes), o Lorde das Trevas, que ao lado dos Comensais da Morte tomará controle do ministério de magia e da própria escola de Hogwarts.

Porém, antes da batalha final, Harry precisa destruir a imortalidade de Voldemort com a captura das horcruxes, uma lista de objetos em que ele depositou sua alma com o passar dos anos. Durante essa busca, sempre escorado por Ron (Rupert Grint) e Hermione (Emma Watson), ele conhece um esquecido conto sobre as "relíquias da morte", três poderosos objetos do mundo dos mortos: a capa da invisibilidade, a pedra da ressureição e a varinha de Sabugueiro - essa última almejada por Voldemort para matar Harry.

Trata-se da boa e velha dialética entre e o bem e o mal, mas com os ricos detalhes da história criada por Rowling, cujos filmes anteriores arrecadaram US$ 5,4 bilhões em todo o mundo.

Comparar aliás “Relíquias da Morte” com seus antecessores é ver a clara evolução que a série ganhou desde 1999. A trama, assim como os personagens, amadureceu e isso é refletido dentro do filme, não apenas superior aos outros esteticamente, mas também de roteiro e atuações. Nunca o trio de amigos esteve tão confortável em seus papéis e Radcliffe chega a ser engolido em alguns momentos por Emma e Grint, cujo romance velado rende momentos divertidíssimos.

Também é de se elogiar os efeitos especiais e as cenas de ação, principalmente a presente nos elétricos 15 minutos iniciais do filme. Para despistar os comensais, que estão atrás de Harry, vários de seus aliados tomam a poção mágica polissuco e se transformam em clones do bruxinho.

As cópias sobem em suas vassouras, enquanto o verdadeiro divide uma moto modelo sidecar com Hagrid (Robbie Coltrane). A perseguição que começa no céu e depois termina em uma via expressa é alucinante - é praticamente um “’Matrix’ juvenil”.

Uma pena que toda essa adrenalina visual dure poucos minutos. O que impera depois são momentos bucólicos com o trio principal, com cenas sempre de belíssima fotografia e que ficam muito tempo presas a um certo assunto sem desenvolvê-lo rapidamente.

Os fãs mais fervorosos vão elogiar a calmaria proposta pelo diretor David Yates e dizer que a escolha condiz com o clima do último livro, pois a sensação é que nada dele vai ficar de fora dos dois filmes.

Já quem conhece o universo dos bruxos e trouxas apenas pelo cinema irá achar essa nova adaptação tediosa e que a escolha por dividi-la em duas partes não passa de mais um truque mercadológico para lucrar com o bilionário universo de J.K. Rowling.



Crítica de "Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1"
Terra - novembro de 2010
Por Bruna Carolina Carvalho

Após seis filmes e nove anos de espera, os fãs de Harry Potter poderão conferir o começo do fim da saga em Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1. Agora, fora dos muros de Hogwarts e sem a guarda de Alvo Dumbledore, Harry (Daniel Radcliffe), junto com seus amigos, Rony Weasley (Rupert Grint) e Hermione Granger (Emma Watson), vai em busca das horcruxes de Voldemort - pedaços da alma do vilão das trevas alojados em objetos valiosos.

Apesar dos 146 minutos de filme, as cenas de ação mais eletrizantes deixam o espectador entretido na maior parte do tempo e, salvo alguns momentos, não chegam a cansar. Mais sombrio e com mais combates, a sétima parte da série é mais aterrorizante e fiel ao livro de J.K Rowling, em comparação às suas antecessoras.

Mesmo com os cuidados do roteirista Steve Kloves e do diretor David Yates em fazer uma correspondência quase matemática com a história original, os mais atentos sentirão falta de alguns detalhes, como o fato de Harry não estar disfarçado durante o casamento de Gui Weasley e Fleur Delacour, a ausência da capa de invisibilidade e, talvez, o mais importante: a superficialidade com que é tratada a biografia de Dumbledore. A luta do ex-diretor de Hogwarts com Grindelwald e alguns pormenores da família do poderoso bruxo foram deixados de lado na versão das telonas.

Amadurecidos, os três personagens centrais são mais complexos e foram melhor interpretados por Daniel Radcliffe e Emma Watson, em comparação aos outros filmes. Mas o destaque vai para Rupert Grint. Ainda responsável pelas piadas previsíveis e por deixar as cenas menos tensas, o Rony Weasley do sétimo filme sente ciúmes e raiva. Grint se saiu bem quando lhe foi exigida maior dramaticidade, principalmente na cena em que briga com Harry Potter e vai embora, deixando seu melhor amigo para trás com Hermione Granger.

O diretor também explorou cenas de suspense e sustos, comuns em thrillers de terror. Algumas delas fizeram com que os espectadores - até os mais adultos - pulassem de suas cadeiras no cinema. Há mais efeitos especiais neste novo filme do que nos outros, mas eles não chegam a poluir e sobrepor-se nem à história, nem à belíssima fotografia. Quando Hermione lê o conto dos três irmãos, que revela o que são as relíquias da morte, os efeitos gráficos utilizados são de muito bom gosto e se encaixam de maneira satisfatória na narrativa.

Talvez, o maior deslize de Yates foi ter se prolongado um pouco além do necessário nas cenas em que Harry e Hermione estiveram sozinhos. Apesar de, no livro, essa ser uma parte da história com ausência de conflitos, na versão cinematográfica, a passagem com falta de ação se tornou um pouco mais cansativa do que poderia ter sido.

O momento em que a história é cortada foi bem escolhido. Não permitiu que na primeira parte nada acontecesse e conseguiu deixar um suspense para julho de 2011, quando chega aos cinemas a segunda e derradeira parte. Aos que só acompanharam a história através das telonas, um aviso: todas as resoluções foram deixadas para o ano que vem.

O maniqueísmo excessivo da série de livros é bem marcado: quem é mal, é muito mal. Aparece em lugares escuros, com figurino horripilante e é debochado a todo o instante - destaques ao sanguinário Voldemort (Ralph Fiennes) e a obcecada Belatriz Lestrange (Helena Bonham Carter). Assim como em histórias infantis, quem é bom, é bom até demais. Não mata e é sempre complacente. Até aí, nada diferente do que a história de Harry Potter proporciona. No que lhe é exigido, o blockbuster atende e até supera as expectativas.


Crítica de "Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1"
Cinema com Rapadura - 16 de novembro
Por Lais Cattassini

“Harry Potter e as Relíquias da Morte” é um excelente filme de guerra. Isso mesmo. Filme de guerra. Inúmeras serão as críticas e artigos que avisarão que este é o longa mais sombrio da série. Os jornalistas não estão enganados, porém não podiam ser mais óbvios. O adjetivo “sombrio” é usado para descrever a série desde “O Prisioneiro de Azkaban”. À medida que Harry foi crescendo, os perigos e as perdas que enfrentou também foram se tornando maiores. Voldemort, o vilão eterno, ganhou força e, nesse sétimo capítulo, se tornou um mal mais do que ameaçador.

Claro, os filmes da saga foram se tornando cada vez mais sombrios. Nada, entretanto, se compara a esse. Nessa aventura, Harry, Ron e Hermione se tornam heróis plenos, responsáveis não apenas por salvar a escola de magia e bruxaria de Hogwarts, mas por salvar o mundo.

O grande mérito, não apenas de J.K. Rowling, que construiu a história até esse ponto, mas também de todos os cineastas responsáveis por levar os livros à tela, é fazer com que os espectadores acompanhem os sete anos da vida desses pequenos bruxos. Vimos Harry sofrer vivendo com os tios, descobrir a magia dentro de si, fazer amigos, aprender feitiços, se apaixonar, perder entes queridos… Foram sete episódios com muita história que prepararam leitores e audiência para o grande final. A apresentação dos personagens e o desenrolar de suas vidas é essencial para emocionar nessa primeira parte do encerramento da série.

Em seu último ano em Hogwarts, Harry decide não voltar à escola, mas partir para encontrar as sete horcruxes, pedaços de alma de Voldemort. É sua função encontrar todos os objetos que ainda faltam (quatro) e destruí-los. Só assim o lorde das trevas será derrotado. Claro que Harry não vai sozinho. Ron e Hermione são parte fundamental da aventura. O cenário para a jornada do trio não poderia ser pior. Nenhum dos três tem ideia de por onde começar e, enquanto isso, família e amigos correm riscos.

As primeiras cenas desse longa metragem mostram Hermione apagando a memória dos pais. Para garantir que eles sobreviverão à guerra, a feiticeira apaga seu rosto em cada uma das fotos de sua casa. Emma Watson faz a cena brilhantemente. Se antes a atriz abusava das caretas, nesse filme ela está fantástica. Sua atuação é sutil e, nos pequenos gestos no decorrer do filme, ela demonstra o pesar de quem abandonou a família e não sabe ao certo se terá um futuro com Ron.

O romance entre os dois, aliás, é algo que finalmente transparece. Nos filmes anteriores, Harry, por ser o heroi da saga, sempre ganhava a atenção de Hermione. Aqui é visível o interesse dela em Ron, assim como o ciúme dele por Harry, um mérito de Rupert Grint.

Todos os três astros de “Harry Potter e as Relíquias da Morte” amadureceram. É impressionante vê-los carregando toda essa dor ao longo do filme. Uma dor que, com certeza, foi acumulada após cada uma das perdas narradas no decorrer da aventura. A grande atuação dos três, entretanto, ganha ainda mais peso com o elenco de apoio. Além dos já conhecidos personagens, que voltam para proporcionar alívio cômico e dar ainda mais vida à realidade mágica, conhecemos outras figuras, como Mundungus Fletcher. Se o mundo mágico tivesse jogo do bicho, Mundungus seria bicheiro. As correntes de ouro, a careca mal cuidada, a vaidade cafona. O personagem transparece a charlatanice até no jeito de falar.

Xenófilo Lovegood, pai de Luna, é outro achado. Tão perdido quanto a filha, o personagem, interpretado muito bem por Rhys Ifans, mistura a comédia e o drama em uma única cena. É irresistível assistir à construção da cena e do personagem. Há tantos momentos fantásticos de atuação que é difícil comentar cada um deles. Jason Isaacs como Lúcio Malfoy, James e Oliver Phelps como os irmãos gêmeos de Ron e Julie Walters como Molly Weasley são alguns dos nomes que com certeza arrancarão soluços. Se não nessa primeira parte de “Relíquias da Morte”, com certeza na segunda.

Uma decepção, entretanto, é a atuação de Helena Bonham Carter como Bellatrix Lestrange. Se a atriz já estava insuportável nos filmes anteriores, agora ela destoa de toda calma e sutileza do resto do elenco. Ao dividir a cena com Emma Watson, por exemplo, que demonstra uma Hermione madura e sábia, a atriz parece uma criança. Não há nada ali de natural. Ela é caricata, exagerada e, francamente, patética.

Os dramas e interações entre os personagens são tão bem construídos que não dá para esquecer por um minuto o que aqueles momentos significam. Há tensão ali. A tensão de uma guerra iminente. As cenas de ação fazem jus à atmosfera construída. O texto, convenhamos, não era lá dos mais ricos nesse aspecto. No livro, Harry, Ron e Hermione ficam mais tempo acampados e decidindo o que fazer do que com a mão na massa de fato. A falta de ação na história fez com que os fãs ganhassem ainda mais com a divisão da trama em dois filmes. Essa é, com toda a certeza, a mais fiel das adaptações. Com mais tempo, roteirista e diretor puderam trabalhar em cada um dos detalhes da trama.

O diretor David Yates fez um trabalho fantástico. Ele foi responsável pelo amadurecimento não apenas dos atores, mas também da trama. Compare o primeiro filme da série, dirigido por Cris Columbus, e esse último. São completamente diferentes. Uma obra que vai da ingenuidade ao pesar. Pesar combina mais com a história triste de Harry Potter. Desde que assumiu a saga, Yates tem conduzido o drama com qualidade. A cada filme o diretor colocava Harry Potter um passo a frente para alcançar os grandes épicos.

Não tenho dúvidas de que “Harry Potter e as Relíquias da Morte”, partes 1 e 2, estarão entre os filmes mais marcantes da história do cinema, seja pela contribuição de Harry Potter na formação da cultura pop, pela qualidade dramática do longa metragem ou pelas excitantes cenas de ação. Assistimos ao desenrolar dessa guerra, que ainda não terminou e que, com certeza, renderá momentos ainda mais marcantes em sua segunda parte.

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