Com o início das premières de 'Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 1' ao redor do mundo, sites brasileiros já divulgaram críticas do filme. O site Omelete avalia de forma geral positivamente a adaptação e evidencia a trama, o trio de atores principais, a equipe técnica e afirma que o filme é uma "experiência totalmente dedicada aos fãs", o Judão também divulgou sua crítica hoje e, igualmente, avaliou positivamente o longo de forma geral. O portal de entretenimento Virgula acaba de divulgar mais uma crítica brasileira (a terceira hoje, e quarta no geral) de "Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1", à qual avalia de forma geral positivamente a adaptação e evidencia o trio principal de atores, a equipe técnica e os efeitos visuais que, segundo o crítico, "deve render uma indicação ao Oscar 2011".
Confira as críticas em 'Leia Mais'
"Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1"
Crítica - 16 de novembro
Érico Borgo
Crítica - 16 de novembro
Érico Borgo
OMELETE
Se Harry Potter e o Enigma do Príncipe foi o início da "trilogia" que vai encerrar a maior franquia cinematográfica de todos os tempos, Harry Potter e as Relíquias da Morte, apesar da Parte 1 do título, é o meio. Sendo assim, fica difícil analisá-lo com os mesmos critérios normalmente empregados em críticas cinematográficas. Como fragmento de algo maior, este Harry Potter simplesmente não se sustenta como entretenimento casual, com começo, meio e fim. Para apreciar Relíquias da Morte - Parte 1 é preciso ser devotado à franquia.
Referências a um sem-fim de detalhes dos outros filmes - e livros -, todas imprescindíveis para a compreensão deste capítulo, tornam esta uma experiência totalmente dedicada aos fãs. Há quem entenda isso como uma aberração cinematográfica, mas definitivamente esta produção não é voltada a esse tipo de público. É justamente o respeito às pessoas que estão há uma década ao lado de Harry, Ron e Hermione, algumas que, literalmente, cresceram ao lado do trio, o que torna este filme tão especial.
A decisão de dividir o último dos livros da saga Harry Potter, um dos maiores em volume, em dois filmes, ainda que funcione maravilhosamente bem dentro das intenções mercadológicas da Warner Bros., é excepcional em termos de fidelidade narrativa ao material original. Com 2h30 de duração para cobrir 60% do livro, a adaptação tem tempo de sobra para levar os acontecimentos do romance às telas sem os atalhos que os demais filmes se acostumaram a fazer. Tanto que isso até evidencia os defeitos dos demais, cheios de cortes em nome da duração mais curta, algo que rende mais sessões por dia (e por consequência, lucro). Analisemos por exemplo, Dobby, o elfo doméstico (voz de Toby Jones). O personagem teve destaque no cinema no segundo filme e depois desapareceu das telonas, ainda que na série literária tenha permanecido relevante. Assim, sua volta no sétimo filme, cheio de importância, parece completamente gratuita para quem apenas o conhece do cinema.
Nada que prejudique a diversão, porém, para a verdadeira nação de fãs do jovem bruxo, que conhecem cada uma das referências, entendem a relevância dos personagens e subentendem acontecimentos.
Ainda que entendam perfeitamente seu público-alvo, o diretor David Yates e o roteirista Steve Kloves, pela terceira e sexta vez na série, respectivamente, não se acomodam no que comprovadamente funciona para essas adaptações ou limitam-se em entregar o esperado. Uma das preocupações que mais devem ser exaltadas na série Harry Potter é justamente esse crescimento contínuo. Cada um dos responsáveis pelos filmes deu aos fãs um pouco mais de qualidade cinematográfica, desenvolvendo conforme as histórias ficavam mais complexas e discutiam temas mais densos, e Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1 mantém essa tendência.
O tom da adaptação continua sombrio, como Yates já tratava elegantemente a série desde o quinto filme, mas desta vez há sequências ainda mais adultas, violentas (prepare-se para alguma tortura e sangue) e dramáticas, tanto que fica difícil classificá-la como uma fantasia. Há, claro, três ou quatro cenas de ação, mas elas estão muito distantes dos animados embates dos primeiros capítulos da franquia. Entre cada uma delas há longas (corajosamente longas, pensando na grande parte do público acostumado a esse tipo de produção) cenas em que muito pouco acontece além da tensão recorrente da solidão de três adolescentes tendo que, pela primeira vez em suas vidas, assumir as rédeas de seus destinos, sem professores, pais ou responsáveis.
Essa nova realidade, distante dos muros protetores de Hogwarts, dá ao trio protagonista (Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint) seus melhores momentos na série como atores. Especialmente Grint, que enfim consegue deixar de ser o amigo-alívio-cômico para disputar de igual para igual com Radcliffe o foco da atenção. Não é por acaso que Martin Scorsese andou dizendo que o ruivo é o "próximo Leonardo DiCaprio". Ele realmente aprendeu a atuar.
A trama começa com a ameaça dos Comensais da Morte de Lorde Voldemort (Ralph Fiennes) ganhando proporções alarmantes, tanto que Harry, Ron e Hermione precisam tomar providências para proteger seus familiares. Com o inimigo enfim agindo impunemente, é preciso esconder Harry Potter, que se torna a última esperança da resistência dos bruxos para impedir o reinado de Voldemort. Com a queda do Ministério da Magia, porém, a situação se complica - e os três amigos partem em busca dos únicos artefatos que podem parar de uma vez por todas esses eventos: as horcruxes.
Essa busca é evidenciada pela bela fotografia de Eduardo Serra, novato na franquia, que traz cores e grandiosos cenários naturais até então inéditos à saga. Outro que traz novidades é Alexandre Desplat, cuja trilha sonora evoca quase nada os temas fantasiosos iniciados por John Williams. É ótimo ver esse tratamento adulto de um tema nascido para crianças - Harry Potter, com tudo isso, cumpre seu papel como formador de público, refinando olhares e desenvolvendo em seus fãs o apreço pelo tempo do cinema. Infelizmente, não termina - a Parte II só em meados do ano que vem -, ou poderia ser o melhor filme da série até aqui, algo que, se tudo continuar na direção certa, deve acontecer depois de 15 de julho de 2011.
"Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1"
Crítica - 16 de novembro
Thiago Borbolla
Crítica - 16 de novembro
Thiago Borbolla
JUDÃO
Eu não sei dizer o dia exato, mas lembro exatamente de quando em um sábado de Julho de 2007 eu fui até o shopping, numa livraria, comprar o meu exemplar de Harry Potter and the Deathly Hallows. Sim, em inglês, pois no domingo eu viajaria para a Comic-Con e, sinceramente, eu me recusava a tomar spoiler na cabeça. Ainda mais estando lá.
Comecei a ler o livro no avião, continuei lendo durante os dias que antecederam o evento. Depois que começou, eu também lia, mas sabe quando você tem oitocentas e oitenta e oito milhões de coisas na cabeça e nem presta lá muita atenção?
…e essa foi a única vez que eu li o livro.
Assisti recentemente Harry Potter e o Enigma do Príncipe e, dessa vez, não foi tão ruim quanto quando eu vi pela primeira. Ainda é um filme fraco. Me empolgou para Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1 o suficiente pra eu ir atrás do livro e tentar lê-lo em três dias.
Nem cheguei perto do livro. E acho que isso foi uma das melhores coisas que eu podia ter feito.
Pra mim, é bem simples: se um filme é uma adaptação, eu tento vê-lo primeiro como filme e depois como adaptação. Uma boa adaptação pra mim é aquela que transforma, no caso, um livro em um filme. Não tentam fazer do livro um filme — como nos dois primeiros, que são péssimos, como filmes. E como adaptação. E como fazer isso?
Bom, eu não sei fazer. Mas David Yates e Steve Kloves conseguiram fazer direitinho.
Não há uma só cena que a gente percebe que foi claramente colocada ali só porque tem no livro. Os pontos principais estão lá. E eu sei que estão, pois é basicamente isso que eu me lembro do livro. E ainda com a história tendo um ritmo sensacional, que faz parecer que as 2h26 são na verdade 40mins, sério… Harry Potter e as Relíquias da Morte é o melhor filme AND adaptação da franquia. E veja: eu nem tou falando “Parte 1″. ;)
Harry Potter…
Do primeiro ao último, os livros amadureceram, os filmes amadureceram, os leitores, os espectadores, os atores. As histórias se tornaram “adultas”, o pessoal que ia assistir ao primeiro filme como pré-adolescente hoje são maiores de idade. Mas os atores? Bom, enfim eu posso dizer que temos três atores.
Sim, amigos. Daniel Radcliffe, no último filme, conseguiu ser Harry Potter. O personagem ainda não é aquele dos livros, e agora já é tarde demais pra ser. Mas há humor, há emoção, há motivos suficientes para acreditar na sua interpretação. Há, de fato, um trio dessa vez. Há, de verdade, três melhores amigos capazes de arriscar absolutamente TUDO por essa amizade, em busca de Horcruxes, contra tudo e contra todos.
Rupert Grint melhorou o seu timing pra comédia e deixou de ter aquela cara de bobo, conseguindo usar o corpo pra se expressar também. A Emma Watson… Essa é atriz faz tempo. Tem um bom futuro pela frente. Tou até agora ecoando o choro e os gritos dela na minha cabeça… De verdade. É perturbador. E ela conseguiu.
E é engraçado — e culpa de David Yates, que agora teve MUITO mais tempo para desenvolver uma história tão violenta, tão profunda para esses personagens — que mesmo outros atores, que nunca foram lá muita coisa, tiveram chances de mostrar os motivos, pelo menos, pelos quais passaram nos testes. Até a Bonnie Wright está bem. Ela realmente parece ter tesão pelo Harry, que a beija com mais vontade que Scott beijou Ramona. OU SEJA… ;)
…e as Relíquias da Morte
O sétimo filme de Harry Potter finaliza uma saga que deu muito dinheiro a seus produtores, atores, ao estúdio, à sua criadora, J.K Rowling. Mas é uma saga — livro e filme — que colocou a fantasia de volta na mente de muita gente que nem lembrava mais o que era isso. Ou nem sequer sabia. Uma saga que fez muita gente ler. Sim, porque é isso. Fãs serão fãs sempre, do que for, e serão todos iguais, muitas vezes defendendo e comparando coisas que não precisam de defesa ou são incomparáveis.
Mas Harry Potter e as Relíquias da Morte está aí pra todos. Agradece, contemplando fãs, dos livros, dos filmes, da HISTÓRIA, que jamais conseguiram colocar outros rostos nos personagens principais das suas cabeças, com uma produção visualmente bonita, com uma história que tem tempo de ser contada, e adaptada ao seu tempo.
É o fim de uma história que não deveria terminar. É o fim de uma história do jeito que ela merece ser terminada. O fim de uma história que a gente fica feliz por ter acompanhado. Mesmo que ainda falte um filme. ;)
Agora me dá licença que eu vou lá pegar o livro e devorá-lo…
"Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1"
Crítica - 16 de novembro
Thyago Gadelha
Crítica - 16 de novembro
Thyago Gadelha
VÍRGULA
"Estes são tempos sombrios, não há como negar. Enfrentamos a maior ameaça de todos os tempos", anuncia o ministro da Magia Rufus Scrimgeour (Bill Nighy) na abertura de Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1. A declaração dá logo o tom da jornada de mortes, dor e solidão que enfrentarão Harry Potter, Hermione Granger e Ron Weasley, e todos os cúmplices - passada fora de Hogwarts, o que já dá um sabor diferente dos outros filmes da franquia.
No filme, Harry corre contra o tempo e dos fiéis Comensais da Morte de Lord Voldemort (Ralph Fiennes, caricato na media certa) para destruir as Horcruxes, que guardam parte da alma do superbruxo. No caminho, descobre a existência de três poderosos objetos no mundo da magia: as Relíquias da Morte (A Capa da Invisibilidade, A Pedra da Ressureição e A Varinha das Varinhas, sendo o último ítem parte do clímax final). Para quem não leu os livros, há uma boa explicação no momento em que o trio vai à casa de Xenophilius Lovegood (Rhys Ifans) buscar o significado do símbolo no pingente do editor d'O Pasquim - tudo em forma de animação, uma boa escolha do diretor David Yates.
A característica de road movie do filme faz tudo parecer pungente desde o início. Nenhum lugar é seguro. Há morte nos primeiros minutos e próximo da divisão da parte final (já revelada anteriormente aqui *spoiler*), mas os momentos mais tristes são aqueles protagonizados pelo trio interpretado por Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint. Carregados de emoção, os atores entregam seus melhores performances até aqui. Destaque para Grint, que sempre foi apoio cômico da história e agora mostra todo o amadurecimento como ator nas discussões com Harry no filme, em especial a que fala sobre o medo de ouvir o nome dos pais na lista de mortos divulgada pela rádio depois do terror espalhado por Voldemort.
Algumas passagens são de extrema melancolia, como nos primeiros segundos do longa em que Hermione usa o feitiço Obliviate para apagar a memória de seus pais "trouxas" e parte na perigosa jornada que pode ou não conceder-lhe o retorno pra casa; ou quando Harry e Hermione vão ao túmulo dos pais do bruxo em sua cidade natal, Godric's Hollow. Há também desentendimentos entre eles, que foram obrigados a crescer de uma hora para outra. Sem pais e sem a ajuda dos professores, eles ficam à flor da pele e ainda sujeitos a influência de uma das Horcruxes que revezam no pescoço - na tentativa frustrante de tentar destruí-la.
Embora esteja sempre tenso, há momentos engraçados para quebrar o clima pesado, como a já comentada cena em que o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, Alastor Olho-Tonto Moody (Brendan Gleeson), dá a poção polissuco aos amigos de Potter e os transforma em seus semelhantes - o plano é despistar os Comensais da Morte. "Foi uma cena com efeitos especiais altamente desenvolvidos. Para filmá-la, foram necessários 95 takes", disse Radcliffe em entrevista ao Mugglenet no final de outubro. E ainda deu oportunidade do ator mostrar sua capacidade de interpretar os trejeitos de cada personagem.
Entre as novidades da parte técnica, está Eduardo Serra, responsável pela bela fotografia do filme - tão sombria quanto o EdP, mas não tão escura quanto ele. Natural de Portugal, o profissional esteve por trás das igualmente belas fotografias de Diamante de Sangue e Moça com Brinco de Pérola. Destaque também para a trilha sonora, assinada pelo versátil Alexandre Desplat (O Escritor Fantasma, O Fantástico Senhor Raposo e A Bússola de Ouro), menos formal que as de John Williams, sem contar com a canção O Children, de Nick Cave and the Bad Seeds, que toca em uma cena doce com Hermione e Harry. O time de efeitos especiais e efeitos visuais dá um show em tantos momentos que fica difícil escolher o melhor. Com certeza deve render uma indicação ao Oscar 2011.
Mesmo sendo difícil avaliar o filme pelo fato de ser uma passagem de O Enigma do Príncipe para a parte final (que estreia no dia 15 de julho de 2011), todo esse conjunto - formado pelas melhores performances do trio, técnica competente, jornada fora do escola de magia, entre outras qualidades - permite classificar o filme como o melhor da franquia até agora. Mas o mais emocionante de tudo é ver que toda uma geração, a chamada Geração Harry Potter, cresceu com a franquia, baseada na ótima literatura de JK Rowling e um exercício de cinema ao longo dos anos. Os personagens foram amadurecendo na tela, enquanto os fãs cresciam no mundo real. Aqueles temas infantis abordados no início deram lugar a questões morais e existecialistas, um paralelo com a formação de cárater do público que os acompanhou.
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