Duas criticas do Portal Terra sobre "Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2"!

Na primeira critica, Danilo Saraiva, o jornalista do Portal Terra, fala sobre o filme e a saga de um modo geral. Já na segunda critica, Carolina Almeida dá os parabéns à saga como um todo e muito mais!
Leiam-as completas abaixo:

(1ª CRITICA)
CRÍTICA DE HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE - PARTE 2
Por Danilo Saraiva do Portal Terra
Eles não estavam errados quando no trailer anunciaram que o último capítulo da saga de Harry Potter é o evento mais esperado de toda uma geração. US$ 6,3 bilhões arrecadados em filmes da franquia e mais de 400 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo,é seguro afirmar que Harry Potter não é apenas um best-seller fabricado, mas um best-seller fabricado que conseguiu se manter a ponto de tornar-se a principal inspiração de uma banal cultura pop que viria bem depois.

Por melhor que uma ação de marketing seja não é possível manter a popularidade de uma saga por tanto tempo. Crepúsculo, Percy Jackson e Crônicas de Nárnia estão aí para testar esta teoria. Harry sobreviveu porque contava com apoio: da autora, que não deixou sua obra cair em mãos erradas, do capitalismo desenfreado e de uma base de fãs que sente por Harry um amor que ultrapassa as páginas de um livro, as telas de cinema e toca por razões distintas. Sim, não é exagero dizer que a saga de Harry difere pouco de outras histórias que aprendemos a amar e odiar ao longo dos anos: a Bíblia, contos de fadas, folclores, mitologia. Há uma clara moral cristã em Harry Potter. Nem por isso ela deixa de ser brilhante. E é neste capítulo final da saga, que chega aos cinemas mundiais na próxima sexta-feira (15), que tomamos dimensão disso.

Com grande vigor, o literalmente fantástico elenco da franquia se reúne para uma despedida mútua: de Harry para os fãs, dos fãs para Harry. E mesmo com o lançamento do último livro, em 2007, e com quase todo mundo sabendo em detalhes tudo o que vai acontecer, é transportado nas telas de cinema que o choque se faz. Sabendo disso - e deste potencial todo -, o diretor David Yates prepara o espectador durante toda a projeção para que possamos dizer "adeus", a ponto de tornar a tarefa de assistir ao filme quase angustiante.

O longa começa exatamente aonde parou a primeira parte: com Voldemort (Ralph Fiennes) roubando a Varinha das Varinhas, uma das Relíquias da Morte. Após enterrar o elfo Dobby, Harry (Daniel Radcliffe) reúne os amigos Rony (Rupert Grint) e Hermione (Emma Watson), e, com a ajuda do duende Grampo (Warwick Davies), tenta invadir o banco Gringotes - nenhum bruxo conseguira tal feito até então - afim de encontrar mais uma das horcruxes - fragmentos de alma de Voldemort que precisam ser destruídos para que, enfim, o vilão deixe de ser imortal.

A caça ao tesouro continua e a partir daí, seguem-se cenas de tirar o fôlego, que culminam na inevitável - e trágica - batalha de Hogwarts, momento mais aguardado pelos fãs de carteirinha. Por mais de uma hora, duelos de magia e a guerra entre comensais da morte e seres obscuros contra os fieis seguidores do mago Dumbledore tomam a tela em imagens impressionantes. Percebe-se aqui que, tratando-se de tal saga, não foi preciso se preocupar com orçamento. Uma manobra honesta da Warner para com os fãs e que, provavelmente, tornará este filme ainda mais bem-sucedido do que os outros.

Por conta dos conflitos que o sexto filme da série, Harry Potter e o Enigma do Príncipe, sofreu - acidentes nas filmagens e um roteiro preparado antes do lançamento do último livro nas lojas -, Relíquias da Morte - Parte 2 tem sérios problemas de adaptação. Na falta de explicações deste sexto capítulo cinematográfico, aqui o sol teve que ser tapado com a peneira em vários momentos. A grande solução foi utilizar flashbacks e "charadas" para as explicações que ficaram faltando. Ainda assim, o roteirista Steve Kloves, com todo o apoio da autora J.K. Rowling, preferiu deixar coisas abertas a livres interpretações.

Outro aspecto positivo é que o longa tem os melhores diálogos da saga, o que reflete essa preocupação da Warner em não apenas arrecadar, mas a de entregar um trabalho realmente decente, mesmo esse sendo o último. São nesses pequenos diálogos que se apoiam talentos como Maggie Smith, Helena Bonham Carter e Alan Rickman, que aparecem e desaparecem nas telas com a rapidez de um 'Avada Kedavra', sem que deixem de confiar suas participações a personagens que serão igualmente lembrados no inconsciente coletivo.

Bem perto do adeus, Relíquias da Morte recorre a sentimentalismos piegas para provocar o choro. Tal medida, no entanto, torna-se estritamente necessária quando estamos falando de uma franquia tão consolidada quanto essa.

Dez anos depois de sua estreia em 2001 e mais de 14 anos após o lançamento dos livros, Harry Potter se encerra com a força de um titã. A lembrar que esta foi provavelmente uma das raras vezes que, em uma sessão exclusiva para figurinhas marcadas da imprensa e alguns poucos sortudos, um filme foi aplaudido nos acordes da tradicional música Hedwig´s Theme, de John Williams, que acompanha os créditos. Prova de que até mesmo os céticos críticos se renderam ao universo mágico de Rowling e finalmente reconheceram porque Harry Potter sobreviveu - e continuará sobrevivendo, por muito tempo.

(2ª CRITICA)
RÍTICA DE HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE - PARTE 2
Por Carol Almeida do Terra
É costume, e bastante cômodo para a indústria, associar as palavras "cinema" e "magia". Funciona como slogan, soa bem aos ouvidos e cai como uma luva para todas aquelas produções que, por falta da magia propriamente dita, reclamam para si o mérito abstrato do encanto. De um jeito que a tal publicizada "magia" do cinema terminou sendo maculada muitas vezes por produções pouco... mágicas. Tendo isso dito, é preciso reconhecer que, no caso da saga Harry Potter, "cinema" e "magia" são palavras que dançam uma valsa perfeita, poucas vezes tão bem rimadas e ritmadas por produções de grande porte como essa.

E ainda que a franquia apresente altos e baixos ao longo de sua carreira no cinema, não se pode negar agora, neste momento de despedida, que a série dos jovens magos se encerra provando que, sim, o cinema consegue ser mágico. E isso só acontece quando o feitiço usado não depende exclusivamente de imagens vertiginosas, mas sim de personagens bem construídos e um roteiro que não menospreza a inteligência do espectador.

Com a segunda parte da adaptação do último livro da saga Harry Potter, o que vemos em cena é um filme de porte dramático sólido dentro e fora de sua própria lógica mágica. Em outras palavras, a história funciona tanto para quem conhece os detalhes dos escritos de J. K. Rowling, quanto para quem chega ao cinema desavisado da complexa personalidade de cada personagem e dos 30 milhões de objetos e lugares que pertencem a esse universo.

Portanto, para Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2, esperem por um filme que reúne nele todos os conflitos gradativamente criados ao longo da série, mais especificamente a identidade ambígua de vários personagens centrais à trama, como Snape, Dumbledore, Voldemort e, claro, o próprio Harry Potter. E mesmo para quem desconhece as motivações dos nomes acima citados, fica claro que o forte deste título é lidar com os limites morais dos personagens. E quando isso é bem realizado, funciona tanto em uma produção independente, quanto naquela do combo pipoca-refrigerante-brinde.

O diretor David Yates, comandante da saga no cinema desde Harry Potter e a Ordem da Fênix, segura firme todos os elementos dos capítulos anteriores nesse desfecho em que, para resumir, Harry precisa enfrentar Voldemort em um embate final, ciente de que, para tanto, precisará ele próprio abdicar de algo bastante essencial à toda narrativa.
Yates dá trilha sonora épica e câmera lenta nos momentos épicos, dá silêncio e respiração aos personagens nos momentos dramáticos e coloca a câmera para namorar, em vários e frequentes closes, com seus personagens mais emblemáticos. Abre também espaço para diálogos mais densos - na medida da densidade permissível aos adolescentes - e, ao mesmo tempo, investe pesado em cenas de ação que, não raramente, se tornam soturnas e um tanto melancólicas. Algo que, possivelmente, gerou o imbróglio entre a Warner e a classificação etária do filme no Brasil que até o começo da semana estava em 14 anos e, de última hora, pulou para a bem mais comercial faixa dos 12 anos.

Razões do sucesso
Em linhas gerais, a saga inteira funciona porque trabalha com três personagens carismáticos, genuínos em suas angústias e desejos e, de uma forma até irônica, dialéticos: no raciocínio dos mágicos aprendizes, Ron é a tese do mago cheio de boas intenções, Hermione a antítese que inteligentemente questiona tudo e todos, e Harry a síntese do herói que precisa combater suas próprias dúvidas para ganhar batalhas externas - sim, tal qual um Jesus vencendo a tentação da montanha.

Juntos, eles funcionam como uma legítima Liga da Justiça em fase de crescimento, o que implica uma série de artifícios narrativos que se dão ao luxo de permitir a maturidade e crescimento dos personagens com a parcimônia necessária - não é todo mundo que consegue colocar oito filmes sobre uma mesma história no cinema. Com esse largura de tempo, a saga também funcionou pois, questão de sorte, viu dois jovens atores, Emma Watson e Rupert Grint, amadurecem e se transformarem em potenciais grandes intérpretes.
Em linhas específicas, os filmes Harry Potter dão certo porque 1) foram baseados na literatura bem arquitetada e bem construída de J. K. Rowling - ou como diria Dumbledore neste filme, é na organização das palavras que conseguimos, de fato, criar magia, 2) porque conseguiram sustentar uma grande quantidade de personagens, 3) porque não se intimidaram no orçamento necessário para criar os efeitos especiais que estivessem à altura dos detalhes descritivos dos livros, 4) porque criaram um dos melhores vilões dos últimos tempos - Voldemort vai deixar saudades - e, finalmente, 5) porque se permitiram reunir um elenco nada menos que espetacular.

Atores cujos currículos dispensam grandes apresentações: Ralph Fiennes, Michael Gambon, Alan Rickman, Helena Bonham Carter, Maggie Smith, Gemma Jones, Jim Broadbent e Emma Thompson, só para citar alguns mais premiados e reconhecidos. A pontuar que vários deles, neste último título, sequer ganham um diálogo. E olha que nem se mencionamos aqui outros pequenos "mimos" que a saga já deu aos seus fãs, tais como aquela ilustre apresentação de Jarvis Cocker, do Pulp, em Harry Potter e o Cálice de Fogo.

Reunidos, quase como que magicamente, todos esses elementos estiveram juntos numa saga que, sim, foi comercial do começo ao fim, e sim, muitas vezes emulou uma moral cristã de que o Bem precisa vencer o Mal a qualquer custo - um custo, aliás, que saiu caro neste último filme para alguns personagens. Mas nem por ser comercial ou moralista, a saga deixou de ser menos enfeitiçante na construção de seus personagens. E valores morais à parte, se isso não for a tal "magia do cinema", poucas coisas são.

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